quarta-feira, 25 de abril de 2007

Lei seca no Mineirão


Sem a presença da cerveja, o cenário no Mineirão tem mudado e após três meses da proibição da venda de bebidas alcoólicas no estádio, os resultados são positivos. A decisão ainda é polêmica e continua dividindo opiniões entre os torcedores que freqüentam o Mineirão.
A Lei seca nos estádios de Minas entrou em vigor na primeira rodada do campeonato estadual. Minas é o segundo estado a aderir a Lei. Em São Paulo, a proibição começou a vigorar desde a década de 90. O médico chefe do ambulatório, Doutor Vicente de Paula Assis, conta que os registros de atendimento no Mineirão diminuíram 70% e desde o início da proibição nenhum caso grave foi registrado. "Esse ano, o único caso de remoção que tivemos foi causado por uma briga fora do estádio. " Para ele a medida só trouxe benefícios para os funcionários e torcedores.
Os registros de violência também reduziram drasticamente. A policia militar contabilizou queda de cerca de 80% do número de ocorrências dentro do estádio e lembra que a maioria dos casos eram causados por torcedores alcoolizados. Para os comerciantes que atuam nos bares do estádio, o prejuízo foi grande. Nádia, que dirige um bar no Mineirão há 2 anos diz que mesmo com a redução do valor da locação do espaço a perda chega a 80% do faturamento. E conta que não foi só as vendas que diminuíram, mas a alegria de alguns torcedores também. “Alguns torcedores reclamam, principalmente da torcida do Atlético, que é uma torcida mais inflamada. Agora, depois do fim dos jogos, todo mundo vai embora rapidamente."
O Diretor Geral da Administradora dos Estádios do Estado de Minas Gerais, José Eustáquio de Paula, considera que proibir a venda de bebidas alcoólicas nos estádios foi uma decisão acertada e apesar da redução da receita, hoje o Mineirão oferece mais segurança aos torcedores.
Segundo o diretor, as mulheres e crianças estão voltando ao estádio e os jogos de domingo voltaram a ser um programa familiar. A médica Ângela Pedrosa sempre freqüentou o Mineirão nos jogos do Cruzeiro. Ela conta que sempre trouxe os filhos, mas agora se sente mais segura. " Quando alguém está alcoolizado transforma qualquer coisa em um motivo de exaltação ou briga, quando sóbrios enxergam as coisas como realmente são."
As estrelas da festa também falaram sobre a polêmica e concordam com a lei . O lateral do Cruzeiro Gabriel e o volante do democrata Anderson são a favor da lei e segundo Gabriel muitas pessoas não vão aos estádios por não se sentirem seguros. “Agora, sem a venda de bebida, as pessoas ficam mais calmas e aproveitam de forma mais saudável."
Mas a proibição ainda não é definitiva e as discussões sobre o assunto continuam na Câmara Municipal de Belo Horizonte. O deputado estadual Alencar da Silveira, do PDT, encaminhou um pedido de limiar a Vara da Fazenda Pública Estadual solicitando a liberação da venda de bebidas alcoólicas até o intervalos dos jogos.
Apesar da polêmica, o clima no gigante da Pampulha é de paz e tranqüilidade e com cerveja ou sem ela, o Mineirão continua sendo palco do maior prazer do futebol; o gol.