quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Profissões virtuais


Há que diga que o futuro está aí. Quem poderia imaginar tanta tecnologia inserida dentro de um computador. Não existem mais distâncias, existem pessoas sem uma câmera, ou um programa que se comunica com imagem e som em tempo real. Não existem mais anônimos, existem pessoas que não utilizam o Twitter, Orkut, Facebook, Flickr, etc...
As redes sociais superam as expectativas e são proporcionais ao rápido crescimento da internet nos últimos 2 anos. Crescimento que deve muito ao barateamento dos equipamentos e as facilidades oferecidas pelas lojas. Assim, as negociações on-line e os investimentos, também, se alavancaram e várias empresas passaram a investir em “mídias alternativas” como blog e sites, menos expressivos que os grandes portais.
Com a chegada da Web 2.0, vários serviços gratuitos de blogs foram criados, sendo os principais o do blogspot e o do wordpress, e a popularização dos blogs pessoais ou coletivos foi acontecendo de forma rápida e progressiva. Existem algumas pessoas que se profissionalizaram e trabalham somente com blogs, sendo chamados de ProBloggers.

Essas pessoas vivem disso e fazem essas “profissões” serem popularizadas. Graças à importância e o alcance das redes sociais é possível encontrar profissionais contratados para ficarem divulgando ideias, produtos e serviços através dessas redes sociais. Na área de Tecnologia, Bruno Alves, Bruno Torres, Silvio Meira, entre outros, são referências em ProBloggers brasileiros.

Para garantir sucesso nesse futuro presente, basta ter muitos amigos virtuais, gostar de escrever e trocar ideias na internet. Há quem ainda não se encontre nesse universo virtual, para esses casos, o mercado oferece cursos e até profissionais que se especializaram em assessorar pessoas que desejam aprender mais sobre essas tecnologias.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Cirque du Soleil

Juliana Fernandes

Ulziibuyan Mergen e Oyun-Ederne Senge


Elas têm apenas 14 anos e já atingiram maturidade profissional. As jovens contorcionistas Ulziibuyan Mergen e Oyun-Ederne Senge se desdobram no palco e arrancam aplausos entusiasmados da platéia no espetáculo Alegria, que o Cirque du Soleil apresentou até este fim de semana em Belo Horizonte. No picadeiro, elas esbanjam simpatia em movimentos que desafiam as leis da natureza. Fora dele, elas e as outras crianças que fazem parte da trupe, cumprem uma rotina pesada de estudos. Chegam a ter até 25 horas de aulas semanais e, nas horas de folga, tentam levar uma vida normal.

É uma espécie de escola itinerante, que acompanha o grupo em todos os locais onde se apresentam, define a professora canadense Karen Sallie, que há dois anos trabalha para o circo. “Nossa escola é um pouco diferente de outras escolas. Nós começamos bem mais tarde porque as apresentações são feitas à noite. Geralmente, as aulas vão das 14h às 19h30, por causa das apresentações, mas tudo tem uma rotina. Em todos os lugares que vamos, mantemos as mesmas quatro salas de aulas, as carteiras nos mesmos lugares”, explica a professora, acrescentando que a grade curricular é de uma escola canadense regular. Elas estudam inglês, francês, ciências, matemática, história, geografia, arte e educação física (pra quem não é artista). As salas de aulas são adaptadas nos contêineres que ficam montados próximo a tenda onde acontecem os espetáculos. Na mesma sala, ficam alunos de várias idades. Os temas são expostos pela professora e depois o estudo passa a ser individualizado.
Mergen e Senge começaram a praticar contorcionismo ainda muito pequenas na Mongólia, país natal que tem tradição nessa modalidade. Há três anos viajando com o espetáculo Alegria, elas dizem que apesar da distância da família, já se acostumaram com a rotina. “É difícil ficar longe, mas a gente pode visitá-los de três a quatro vezes por ano”, conta Senge. Ao todo, são nove crianças que viajam com o grupo. Três são artistas e seis filhos de artistas. Quando não tem a companhia dos pais, o circo destaca uma pessoa que chamam de guardião. Essas pessoas estreitam os laços com as crianças e ficam responsáveis por ajudar nas tarefas e atividades do dia-a-dia.

Juliana Fernandes

Professora Karen Sallie



Horas de folga
Nas horas de folga, que são sempre nos domingos e nas segundas, elas aproveitam para conhecer as cidades onde estão instaladas. Adoram visitar museus, principalmente os da Europa. Para elas é uma forma de conhecer e aprender um pouco mais sobre a cultura dos países. No Brasil, destacaram Foz do Iguaçu como um dos mais belos lugares que conheceram e reclamaram do clima de Belo Horizonte. “Estamos gostando de Belo Horizonte, mas às vezes é bem chato. Queremos sair e chove, e continua chovendo. Aí a gente fica em casa (hotél), assiste TV ou faz dever”, diz Mergen.


Maturidade precoce
A professora Sallie destaca que essas crianças amadurecem precocemente. “Eu acho que todos os alunos, tanto os artistas quanto as crianças filhos de artistas, são muito maduros pra idade deles. Especialmente os que são artistas, por causa dos seus hábitos de trabalho e porque é exigido deles um desempenho de alto nível. As que são apenas filhos de artistas também, porque seus pais são muito disciplinados e por ser é uma escola pequena e dedicar a elas muita atenção individual. Nas salas de aula temos somente cinco carteiras, então podemos ter no máximo 5 alunos e um professor em sala. Isso motiva as crianças porque a educação é muito pessoal," acrescenta.

Apesar de tanta disciplina, as jovens contam que encaram o trabalho como “pura diversão”. “Não existe uma apresentação que acaba e a gente diz: nossa, essa foi perfeita. Por mais que a platéia não perceba, os erros acontecem. Mas fazemos o que gostamos e é sempre muito divertido”, define Mergen.

Reação da platéia

"Às vezes fico nervosa, mas é bom sentir a reação do público que é diferente em cada lugar. Por exemplo, no Japão eles ficam mais calados, é como se pudéssemos sentir a respiração deles, que é muito interessante. Na Itália, eles batem muito os pés no chão quando ficam ansiosos. Já no Brasil, o público é mais caloroso, tem uma reação mais aparente. Eles gritam, falam o que tem vontade, se expressam de maneira muito espontânea e isso é legal porque dá pra sentir o que o público está sentido”, conta Senge.


Alimentação

Segundo a professora Sallie, não há regras quanto à alimentação, mas ficam atentas aos exageros. “Elas próprias escolhem o que vão comer. Elas sabem que a sobremesa é liberada, mas apenas uma vez ao dia. Se percebemos que uma ou outra está comendo só sanduíches, por exemplo, damos uma orientação para que equilibre um pouco mais a alimentação”.


Futuro
Segundo elas, a permanência no circo deve ser de apenas mais um ano e já fazem planos para o futuro. “É difícil pensar no que seria se não fosse artista, mas penso que quando deixar o circo quero me dedicar à medicina”, conta Senge, que diz querer se especializar em ginecologia. Já sua colega, confessa ter pensado em seguir várias profissões. “Ainda não sei, mas tenho vontade de ser advogada”, afirma Mergen.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

CONCERTO POPULAR

Beto Novaes/EM


O projeto Música de Domingo recebeu ontem, no Teatro Francisco Nunes, no Centro de Belo Horizonte, os músicos Eduardo Ribeiro e Lara Tanaka para um concerto de flauta e espineta, instrumento musical semelhante ao cravo. Eles interpretaram obras dos períodos barroco e do pré-clássico. Os ingressos foram distribuídos gratuitamente na bilheteria do teatro. “O objetivo do projeto é trazer à população, de forma acessível, música de qualidade, diferente do que se está acostumado a ouvir", explicou o produtor do projeto, Tide Mendes. A programação, que ainda prevê mais três apresentações até o fim do ano, é promovida pela Fundação Municipal de Cultura e conta com a parceria da Escola de Música da UFMG.

Cerca de trezentas pessoas puderam assistir a um concerto que, segundo Eduardo Ribeiro, procura mostrar por meio de repertório de composições de artistas clássicos, como Bach e Vivaldi, a sonoridade singular de instrumentos antigos. Eduardo e Lara tocam juntos há dois anos e já se apresentaram na capital e em Itabira. “Gosto muito da reação da platéia a um estilo a que não estão acostumados”, acrescentou. Lara Tanaka, que já atuou como cravista em diversos grupos, como a Companhia Antiqua de Música Barroca, hoje é regente do coral infanto-juvenil do Palácio das Artes, com o qual gravou, em 2003, o CD Villa-Lobos e os brinquedos de roda.
Para a platéia que acompanhou a apresentação, ficou a satisfação de apreciar outro estilo de música executada por talentos mineiros. A fonoaudiologia Gláucia Piazza, de 27 anos, elogiou a iniciativa. “É música boa, acessível a qualquer um interessado em conhecer outros estilos”, afirmou. A opinião foi compartilhada pelo músico Vinícius Farina, de 29, que lembrou da importância do projeto: “Vamos ouvir músicas clássicas com instrumentos que lembram as raízes do barroco, que nos remetem ao início da leitura musical. Tudo começou naquela época”. A próxima apresentação do projeto será em 11 de novembro com o grupo Samba Jazz Trio, do Rio.
Publicado no Jornal Estado de Minas - Caderno Gerais em 29/10/2007. Assinado por Juliana Fernandes.

PARTO NATURAL

Beto Novaes/EM

A organização não-governamental Bem Nascer promoveu ontem, no Centro de Educação Ambiental do Parque das Mangabeiras, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, a Roda Bem Nascer para Casais Grávidos, que discute a humanização do parto e a ecologia do nascimento. Além da programação de atividades voltadas para educação ambiental, saúde, cultura e cidadania oferecidas pela Fundação de Parques Municipais, a ONG promoveu encontro de futuras mamães e papais, que trocaram experiências sobre a gravidez e a importância do parto natural.

As reuniões contam com a participação de Alessandra Godinho, de 28 anos, mãe de dois filhos, que atua como Doula, sigla grega que define mulheres treinadas para apoiar grávidas até depois do parto. Segundo ela, o parto pode ser uma experiência prazerosa e muito positiva para mães e filhos. “Quanto mais natural for o parto, melhor é o processo de amamentação, menor é a chance de depressão pós-parto e mais rápida a recuperação da mãe”, explica. Ela alerta que muitas mulheres optam pela cesariana, devido à dor e à falta de esclarecimento. “Existem muitos mitos em torno do parto normal. Nossa luta é para que as mulheres tenham informação adequada e possam fazer sua escolha”, acrecenta.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que a cesariana só deve ser feita em casos de complicação do processo fisiológico, que não passam de 15%, mas no Brasil, segundo ela, em alguns hospitais particulares a taxa chega a 80% do partos. A futura mamãe de Ian, Ana Carolina Santos, grávida de sete meses, admite que, como muitas mulheres que participam das reuniões, tinha medo e várias dúvidas em relação ao parto. “Esse é o terceiro encontro de que participo. Ouvi muita coisa de muita gente. Sempre tive medo do parto por causa das intervenções. Agora, sinto que vou chegar na hora de receber meu filho mais tranqüila e conhecendo os procedimentos”, diz. A ONG oferece mais informações por meio do site www.bemnascer.blogspot.com ou pelo telefone (31) 3376-3028.


Publicada no Jornal Estado de Minas - Caderno Gerais - em 28/10/2007. Assinada por Juliana Fernandes

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

AVENTURA ECOLOGICAMENTE CORRETA


O mineiro Leonardo Calvo já está em contagem regressiva para a aventura que pretende percorrer mais de 300 mil quilômetros. Serão 100 países visitados nos 5 continentes em um período estimado de cinco anos e 7 meses. Na mala, roupas especiais e muita disposição para cruzar o globo sob duas rodas. Sozinho, Calvo terá como companhia apenas as câmeras de vídeo e fotográfica, com as quais pretende registrar todas a mudanças na natureza e no meio causadas pelo aquecimento global. Ele se despede de Belo Horizonte domingo, 28 de outubro, a largada para expedição será na Praça da Liberdade, às 12 h.

Produtor de vídeo e industrial, Leonardo Calvo, 36 anos, conta que esta não é a primeira aventura pelo mundo, já visitou mais de 50 países. Em 2002, partiu para a América do Sul, expedição em que percorreu 22 mil quilômetros de motocicleta, durante três meses. Dessa vez, a motivação é especial. Calvo pretende fazer um registro ecológico, um projeto sócio ambiental. “A expectativa maior é ver a terra de um aspecto natural. Encontrar os núcleos de conservação pelo mundo”, explica. A viagem, a princípio, será custeada com recursos próprios e durante a temporada uma equipe, aqui em Belo Horizonte, buscará parceiros.

A aventura será sob uma Yamaha XT 660R, preparada para andar no asfalto e na terra e com boa autonomia. Segundo o motociclista, será possível percorrer 600 quilômetros com cada tanque de 26 litros de combustível. Durante toda a viagem, Calvo vai visitar países como Ibéria, Marrocos, Dakar, Nova Yorque, Madagascar, vai cruzar o continente até o Alasca. A alimentação e o descanso serão improvisados em albergues e alojamentos. Ele explica que, além de um bom preparo psicológico, é importante ter um planejamento eficiente para não enfrentar problemas climáticos. Assim que sair da capital, ele vai à Ouro Preto, onde ficará três dias antes de seguir viagem. De lá, parte para o primeiro destino, Ushuaia, onde deve chegar em janeiro de 2008. Calvo diz que em viagens desse tipo existem muitos obstáculos, por isso é importante ter um bom equipamento e bastante preparo. “ Meu primeiro grande desafio serão os fortes ventos da Patagônia, que se não tiver cuidado, podem derrubar durante as tempestades”, conta.


Segundo Calvo, será uma aventura para fazer com que todos se lembrem que é necessário cuidar no meio ambiente. “Espero que as pessoas acompanhem a expedição e que passem a ver esse projeto como exemplo e incentivo para cuidar com mais zelo da natureza”. Ele pretende realizar alguns projetos com o material que conseguir. Segundo ele, de três em três meses, uma pessoa irá coletar essas imagens e editar em catálogos que serão disponibilizados no site http://www.globalviewexpedition.com/. Para que a viagem se torne ecologicamente correta, ainda pretende conseguir parceiros para plantar árvores suficientes para repor o oxigênio e equilibrar a poluição que causará com a queima do combustível. A volta será em 2012, no dia 5 de junho, data escolhida especialmente por ser o dia mundial do meio ambiente, chegando ao Brasil por Fortaleza em março.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

POP ROCK BRASIL VEM AÍ

Interatividade! Essa é a palavra de ordem do 24º ano do Pop Rock Brasil. Mais espaço para as bandas mineiras e atrativos que prometem esquentar a festa. Este ano, com a produção sob o comando da DM produções, o evento será realizado no Mineirão, nos dias 17 e 18 de novembro. Uma mega estrutura está sendo preparada para receber um público aproximado de 80 mil pessoas, a exemplo do ano passado. Mas dessa vez, a festa tem sabor especial. Segundo os organizadores será um aquecimento para comemorar, em 2008, os 25 anos de Pop Rock Brasil. Já estão confirmados Capital Inicial, Strike, Fresno, O Rappa, NX Zero, Natiruts e Biquíni Cavadão. A atração internacional ficará por conta da jovem americana Jojo e ainda terá uma atração surpresa.

Das 14 bandas que tocarão nos dois dias de shows, 5 são mineiras. Além das conhecidas como Skank, Jota Quest e Tianastacia, outras duas tocarão no palco principal abrindo os shows, tanto no sábado, quanto no Domingo. “Dez bandas estão participando pela internet de uma disputa, onde o público vota e escolhe. Dessas, duas chegarão a final e serão consagradas com a participação no evento”, explicou o diretor artístico da rádio 98 FM, Dudu Schechtel.

Realizado em Belo Horizonte desde a primeira edição em 1983, o Pop Rock Brasil é o mais antigo festival de pop rock na América Latina. Orgulho para os organizadores, diversão garantida para os mineiros. Desde a criação, o evento já revelou bandas que hoje são sucesso no cenário nacional como Lulu Santos, Barão Vermelho, Titãs e se torna referência para bandas que estão em ascensão como Natirus, Tianastácia. Para esta edição a festa será pautada na interatividade com o público. “ O Pop Rock brasil deste ano tem a cara da Web 2.0. O público escolhe toda a programação. Tudo pensado na interatividade. Foram listadas as 15 bandas mais tocadas em 2007 para o público escolher as que tocarão no evento", explicou o diretor artístico do evento, Alexandre Ktenas.

Arena do Show

O Mineirão será todo desenhado para atender ao público e os vários estilos de som que acontecerão simultaneamente. Entre as novidades, será montada uma tenda onde o rits será o rock anos 80. “Pensamos num espaço temático voltado para a moçada que curtiu e ainda curte o rock dessa época. Será um espaço reservado para resgatar o público mais velho”, explicou Júnior da DM. Além disso, um espaço próximo ao palco terá ilhas de internet onde as pessoas poderão se corresponder através de chats.

Promoções

Quem participar das promoções vai ter a chance de ver o ídolo bem de pertinho. E não só ver o ídolo, mas ir de carona com ele até o estádio de limosini. A promoção vale para todas as bandas que vão se apresentar. “Algumas tarefas serão exigidas dos ouvintes, como ouvir a voz do Brasil, por exemplo”, brincou Dudu, mas diz que é uma forma de incentivar os ouvintes a ficarem ligados nas notícias políticas. A música bis que as bandas vão tocar ao final de cada show também será escolhida pelo público, além de outras promoções que a rádio irá divulgar.

Passaporte

É preciso economizar um pouco para participar dos dois dias de festa. O preço das entradas varia entre R$ 80 a R$ 640 para pistas e camarotes para sábado é domingo, na forma do passaporte. Quem quiser, pode comprar só a entrada do dia. Os ingressos já estão a venda no Shopping Cidade (piso GG), 5º avenida (loja 16 C), através da internet (http://www.ingressorapido.com.br/) ou pelo telefone 31 4062-7966.

SALVE AMARELO MANGA



Um filme que choca, causa reações extremas na platéia e fala muito sobre seu diretor. Sem meias palavras, o filme Amarelo Manga (lançado em 2003) dá seu recado e mostra realidade do povo brasileiro que muita gente faz questão de não ver. Economista por formação, o diretor Cláudio Assis, pernambucano e dono de personalidade inquieta, e há quem diga “atrevida”, mostrou na abertura da 3º Mostra de Cinema Comentada da Faculdade Estácio de Sá, nesta terça-feira, que filme se faz muito mais com realidade do que com a ficção. “Cinema é aquele que te leva para questionamentos fora da sala de exibição”, defendeu. Criticou as produções americanas, deu declarações polêmicas e foi sucinto em dizer: “Não importo que pirateiem meus filmes, se as pessoas compram um produto por 5 reais é porque não tem dinheiro para pagar 40. Pelo menos elas pode assistir ao filme. Se houvesse um DVD por 10 reais na loja, ele não compraria o pirata”.


Amarelo Manga é um filme direto nas ações. Une uma série de curtas de histórias que se entrelaçam na intriga e na rotina simples de alguns personagens. No elenco Matheus Nachtergaele (Dunga), Jonas Bloch (Isaac), Dira Paes (Kika), Chico Diaz (Wellington), Leona Cavalli (Lígia), Taveira Junior (Taxista), Conceição Camarotti, Cosme Prezado Soares, Everaldo Pontes, Magdale Alves, Jonas Melo. Personagens que ganham vida em atuações que envolvem vingança, intrigas passionais em rotinas cotidianas. Cenas que se passam na periferia de Recife repleta de adversidade e pluralidade. Para o diretor é preciso ser humano para entender e passar para a tela histórias que retratam esse universo. Sobre o excesso de palavrões e cenas eróticas, Cláudio Assis defendeu: “ Eu faço filmes falando de pessoas, tratando de pessoas. Todo mundo fala palavrão. O que existe é uma etiqueta. Todo mundo faz sexo, o problema é o jeito o sexo é usado pelo cinema”.


Fez duras críticas as produções americanas. Falou que os norte-americanos usam os filmes para influenciar as pessoas. Se colocou totalmente contra os roteiros de ação das megas produções que gastam milhões para contar um história que não reflete as questões sociais. Sobre Tropa de Elite, que estreiou esse mês nos cinemas de todo o país, Cláudio Assis foi enfático: “ Nem vou entrar no mérito da questão se o filme é bom ou não é, mas acho ridículo que uma produção brasileira tenha que se submeter ao que ela se submeteu para tentar participar do Oscar. Para nós, ganhar o Oscar não muda nada. A festa é deles, do cinema deles.


Muito aplaudido nas suas declarações, Cláudio Assis contou sobre sua história com a película e das dificuldades de fazer cinema em uma cidade que não possui escola e nem incentivo. “Mesmo em Recife que tem uma papel importante no cinema brasileiro encontramos inúmeras dificuldades. Não temos câmera 35 mm. Fazemos filme com união, lutamos contra o governo e conseguimos um incentivo fiscal na cidade para produções dos filmes. Amarelo Manga foi concursado, foi realizado com recursos públicos”, conta.

Disse sentir falta de bons críticos de cinema. De escolas que tem como objetivo ensinar sobre cinema e formar consciências críticas. Amarelo Manga foi premiado pelo Ministério da Cultura por produção com baixo orçamento. Com apenas 500 mil reais, Cláudio Assis mostrou que é possível fazer cinema de qualidade, e que apesar de cenas polêmicas é um filme que questiona nossa realidade em linguagem direta e objetiva. Com muita personalidade e com interpretações brilhantes, coleciona prêmios. Ganhou os Candangos de Melhor Filme, Melhor Ator (Chico Diaz), Melhor Fotografia e Melhor Edição, no Festival de Brasília. Ganhou também o prêmio de Melhor Fotografia, no Festival de Cinema Brasileiro de Miami, Prêmio Especial do Júri, para a atriz Dira Paes e prêmio no Festival de Berlim.


O diretor, que estreiou em maio desse ano o Filme Baxio das Bestas, abriu a Mostra Comentada de Cinema da Faculdade Estácio de Sá. Em sua terceira edição, apresenta até dia 19 curtas e longas brasileiros sempre com a presença de diretores e profissionais da área de artes visuais para comentar as obras. A mostra é aberta ao público e tem exibições de manhã e a noite.