quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Cirque du Soleil

Juliana Fernandes

Ulziibuyan Mergen e Oyun-Ederne Senge


Elas têm apenas 14 anos e já atingiram maturidade profissional. As jovens contorcionistas Ulziibuyan Mergen e Oyun-Ederne Senge se desdobram no palco e arrancam aplausos entusiasmados da platéia no espetáculo Alegria, que o Cirque du Soleil apresentou até este fim de semana em Belo Horizonte. No picadeiro, elas esbanjam simpatia em movimentos que desafiam as leis da natureza. Fora dele, elas e as outras crianças que fazem parte da trupe, cumprem uma rotina pesada de estudos. Chegam a ter até 25 horas de aulas semanais e, nas horas de folga, tentam levar uma vida normal.

É uma espécie de escola itinerante, que acompanha o grupo em todos os locais onde se apresentam, define a professora canadense Karen Sallie, que há dois anos trabalha para o circo. “Nossa escola é um pouco diferente de outras escolas. Nós começamos bem mais tarde porque as apresentações são feitas à noite. Geralmente, as aulas vão das 14h às 19h30, por causa das apresentações, mas tudo tem uma rotina. Em todos os lugares que vamos, mantemos as mesmas quatro salas de aulas, as carteiras nos mesmos lugares”, explica a professora, acrescentando que a grade curricular é de uma escola canadense regular. Elas estudam inglês, francês, ciências, matemática, história, geografia, arte e educação física (pra quem não é artista). As salas de aulas são adaptadas nos contêineres que ficam montados próximo a tenda onde acontecem os espetáculos. Na mesma sala, ficam alunos de várias idades. Os temas são expostos pela professora e depois o estudo passa a ser individualizado.
Mergen e Senge começaram a praticar contorcionismo ainda muito pequenas na Mongólia, país natal que tem tradição nessa modalidade. Há três anos viajando com o espetáculo Alegria, elas dizem que apesar da distância da família, já se acostumaram com a rotina. “É difícil ficar longe, mas a gente pode visitá-los de três a quatro vezes por ano”, conta Senge. Ao todo, são nove crianças que viajam com o grupo. Três são artistas e seis filhos de artistas. Quando não tem a companhia dos pais, o circo destaca uma pessoa que chamam de guardião. Essas pessoas estreitam os laços com as crianças e ficam responsáveis por ajudar nas tarefas e atividades do dia-a-dia.

Juliana Fernandes

Professora Karen Sallie



Horas de folga
Nas horas de folga, que são sempre nos domingos e nas segundas, elas aproveitam para conhecer as cidades onde estão instaladas. Adoram visitar museus, principalmente os da Europa. Para elas é uma forma de conhecer e aprender um pouco mais sobre a cultura dos países. No Brasil, destacaram Foz do Iguaçu como um dos mais belos lugares que conheceram e reclamaram do clima de Belo Horizonte. “Estamos gostando de Belo Horizonte, mas às vezes é bem chato. Queremos sair e chove, e continua chovendo. Aí a gente fica em casa (hotél), assiste TV ou faz dever”, diz Mergen.


Maturidade precoce
A professora Sallie destaca que essas crianças amadurecem precocemente. “Eu acho que todos os alunos, tanto os artistas quanto as crianças filhos de artistas, são muito maduros pra idade deles. Especialmente os que são artistas, por causa dos seus hábitos de trabalho e porque é exigido deles um desempenho de alto nível. As que são apenas filhos de artistas também, porque seus pais são muito disciplinados e por ser é uma escola pequena e dedicar a elas muita atenção individual. Nas salas de aula temos somente cinco carteiras, então podemos ter no máximo 5 alunos e um professor em sala. Isso motiva as crianças porque a educação é muito pessoal," acrescenta.

Apesar de tanta disciplina, as jovens contam que encaram o trabalho como “pura diversão”. “Não existe uma apresentação que acaba e a gente diz: nossa, essa foi perfeita. Por mais que a platéia não perceba, os erros acontecem. Mas fazemos o que gostamos e é sempre muito divertido”, define Mergen.

Reação da platéia

"Às vezes fico nervosa, mas é bom sentir a reação do público que é diferente em cada lugar. Por exemplo, no Japão eles ficam mais calados, é como se pudéssemos sentir a respiração deles, que é muito interessante. Na Itália, eles batem muito os pés no chão quando ficam ansiosos. Já no Brasil, o público é mais caloroso, tem uma reação mais aparente. Eles gritam, falam o que tem vontade, se expressam de maneira muito espontânea e isso é legal porque dá pra sentir o que o público está sentido”, conta Senge.


Alimentação

Segundo a professora Sallie, não há regras quanto à alimentação, mas ficam atentas aos exageros. “Elas próprias escolhem o que vão comer. Elas sabem que a sobremesa é liberada, mas apenas uma vez ao dia. Se percebemos que uma ou outra está comendo só sanduíches, por exemplo, damos uma orientação para que equilibre um pouco mais a alimentação”.


Futuro
Segundo elas, a permanência no circo deve ser de apenas mais um ano e já fazem planos para o futuro. “É difícil pensar no que seria se não fosse artista, mas penso que quando deixar o circo quero me dedicar à medicina”, conta Senge, que diz querer se especializar em ginecologia. Já sua colega, confessa ter pensado em seguir várias profissões. “Ainda não sei, mas tenho vontade de ser advogada”, afirma Mergen.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

CONCERTO POPULAR

Beto Novaes/EM


O projeto Música de Domingo recebeu ontem, no Teatro Francisco Nunes, no Centro de Belo Horizonte, os músicos Eduardo Ribeiro e Lara Tanaka para um concerto de flauta e espineta, instrumento musical semelhante ao cravo. Eles interpretaram obras dos períodos barroco e do pré-clássico. Os ingressos foram distribuídos gratuitamente na bilheteria do teatro. “O objetivo do projeto é trazer à população, de forma acessível, música de qualidade, diferente do que se está acostumado a ouvir", explicou o produtor do projeto, Tide Mendes. A programação, que ainda prevê mais três apresentações até o fim do ano, é promovida pela Fundação Municipal de Cultura e conta com a parceria da Escola de Música da UFMG.

Cerca de trezentas pessoas puderam assistir a um concerto que, segundo Eduardo Ribeiro, procura mostrar por meio de repertório de composições de artistas clássicos, como Bach e Vivaldi, a sonoridade singular de instrumentos antigos. Eduardo e Lara tocam juntos há dois anos e já se apresentaram na capital e em Itabira. “Gosto muito da reação da platéia a um estilo a que não estão acostumados”, acrescentou. Lara Tanaka, que já atuou como cravista em diversos grupos, como a Companhia Antiqua de Música Barroca, hoje é regente do coral infanto-juvenil do Palácio das Artes, com o qual gravou, em 2003, o CD Villa-Lobos e os brinquedos de roda.
Para a platéia que acompanhou a apresentação, ficou a satisfação de apreciar outro estilo de música executada por talentos mineiros. A fonoaudiologia Gláucia Piazza, de 27 anos, elogiou a iniciativa. “É música boa, acessível a qualquer um interessado em conhecer outros estilos”, afirmou. A opinião foi compartilhada pelo músico Vinícius Farina, de 29, que lembrou da importância do projeto: “Vamos ouvir músicas clássicas com instrumentos que lembram as raízes do barroco, que nos remetem ao início da leitura musical. Tudo começou naquela época”. A próxima apresentação do projeto será em 11 de novembro com o grupo Samba Jazz Trio, do Rio.
Publicado no Jornal Estado de Minas - Caderno Gerais em 29/10/2007. Assinado por Juliana Fernandes.

PARTO NATURAL

Beto Novaes/EM

A organização não-governamental Bem Nascer promoveu ontem, no Centro de Educação Ambiental do Parque das Mangabeiras, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, a Roda Bem Nascer para Casais Grávidos, que discute a humanização do parto e a ecologia do nascimento. Além da programação de atividades voltadas para educação ambiental, saúde, cultura e cidadania oferecidas pela Fundação de Parques Municipais, a ONG promoveu encontro de futuras mamães e papais, que trocaram experiências sobre a gravidez e a importância do parto natural.

As reuniões contam com a participação de Alessandra Godinho, de 28 anos, mãe de dois filhos, que atua como Doula, sigla grega que define mulheres treinadas para apoiar grávidas até depois do parto. Segundo ela, o parto pode ser uma experiência prazerosa e muito positiva para mães e filhos. “Quanto mais natural for o parto, melhor é o processo de amamentação, menor é a chance de depressão pós-parto e mais rápida a recuperação da mãe”, explica. Ela alerta que muitas mulheres optam pela cesariana, devido à dor e à falta de esclarecimento. “Existem muitos mitos em torno do parto normal. Nossa luta é para que as mulheres tenham informação adequada e possam fazer sua escolha”, acrecenta.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que a cesariana só deve ser feita em casos de complicação do processo fisiológico, que não passam de 15%, mas no Brasil, segundo ela, em alguns hospitais particulares a taxa chega a 80% do partos. A futura mamãe de Ian, Ana Carolina Santos, grávida de sete meses, admite que, como muitas mulheres que participam das reuniões, tinha medo e várias dúvidas em relação ao parto. “Esse é o terceiro encontro de que participo. Ouvi muita coisa de muita gente. Sempre tive medo do parto por causa das intervenções. Agora, sinto que vou chegar na hora de receber meu filho mais tranqüila e conhecendo os procedimentos”, diz. A ONG oferece mais informações por meio do site www.bemnascer.blogspot.com ou pelo telefone (31) 3376-3028.


Publicada no Jornal Estado de Minas - Caderno Gerais - em 28/10/2007. Assinada por Juliana Fernandes

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

AVENTURA ECOLOGICAMENTE CORRETA


O mineiro Leonardo Calvo já está em contagem regressiva para a aventura que pretende percorrer mais de 300 mil quilômetros. Serão 100 países visitados nos 5 continentes em um período estimado de cinco anos e 7 meses. Na mala, roupas especiais e muita disposição para cruzar o globo sob duas rodas. Sozinho, Calvo terá como companhia apenas as câmeras de vídeo e fotográfica, com as quais pretende registrar todas a mudanças na natureza e no meio causadas pelo aquecimento global. Ele se despede de Belo Horizonte domingo, 28 de outubro, a largada para expedição será na Praça da Liberdade, às 12 h.

Produtor de vídeo e industrial, Leonardo Calvo, 36 anos, conta que esta não é a primeira aventura pelo mundo, já visitou mais de 50 países. Em 2002, partiu para a América do Sul, expedição em que percorreu 22 mil quilômetros de motocicleta, durante três meses. Dessa vez, a motivação é especial. Calvo pretende fazer um registro ecológico, um projeto sócio ambiental. “A expectativa maior é ver a terra de um aspecto natural. Encontrar os núcleos de conservação pelo mundo”, explica. A viagem, a princípio, será custeada com recursos próprios e durante a temporada uma equipe, aqui em Belo Horizonte, buscará parceiros.

A aventura será sob uma Yamaha XT 660R, preparada para andar no asfalto e na terra e com boa autonomia. Segundo o motociclista, será possível percorrer 600 quilômetros com cada tanque de 26 litros de combustível. Durante toda a viagem, Calvo vai visitar países como Ibéria, Marrocos, Dakar, Nova Yorque, Madagascar, vai cruzar o continente até o Alasca. A alimentação e o descanso serão improvisados em albergues e alojamentos. Ele explica que, além de um bom preparo psicológico, é importante ter um planejamento eficiente para não enfrentar problemas climáticos. Assim que sair da capital, ele vai à Ouro Preto, onde ficará três dias antes de seguir viagem. De lá, parte para o primeiro destino, Ushuaia, onde deve chegar em janeiro de 2008. Calvo diz que em viagens desse tipo existem muitos obstáculos, por isso é importante ter um bom equipamento e bastante preparo. “ Meu primeiro grande desafio serão os fortes ventos da Patagônia, que se não tiver cuidado, podem derrubar durante as tempestades”, conta.


Segundo Calvo, será uma aventura para fazer com que todos se lembrem que é necessário cuidar no meio ambiente. “Espero que as pessoas acompanhem a expedição e que passem a ver esse projeto como exemplo e incentivo para cuidar com mais zelo da natureza”. Ele pretende realizar alguns projetos com o material que conseguir. Segundo ele, de três em três meses, uma pessoa irá coletar essas imagens e editar em catálogos que serão disponibilizados no site http://www.globalviewexpedition.com/. Para que a viagem se torne ecologicamente correta, ainda pretende conseguir parceiros para plantar árvores suficientes para repor o oxigênio e equilibrar a poluição que causará com a queima do combustível. A volta será em 2012, no dia 5 de junho, data escolhida especialmente por ser o dia mundial do meio ambiente, chegando ao Brasil por Fortaleza em março.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

POP ROCK BRASIL VEM AÍ

Interatividade! Essa é a palavra de ordem do 24º ano do Pop Rock Brasil. Mais espaço para as bandas mineiras e atrativos que prometem esquentar a festa. Este ano, com a produção sob o comando da DM produções, o evento será realizado no Mineirão, nos dias 17 e 18 de novembro. Uma mega estrutura está sendo preparada para receber um público aproximado de 80 mil pessoas, a exemplo do ano passado. Mas dessa vez, a festa tem sabor especial. Segundo os organizadores será um aquecimento para comemorar, em 2008, os 25 anos de Pop Rock Brasil. Já estão confirmados Capital Inicial, Strike, Fresno, O Rappa, NX Zero, Natiruts e Biquíni Cavadão. A atração internacional ficará por conta da jovem americana Jojo e ainda terá uma atração surpresa.

Das 14 bandas que tocarão nos dois dias de shows, 5 são mineiras. Além das conhecidas como Skank, Jota Quest e Tianastacia, outras duas tocarão no palco principal abrindo os shows, tanto no sábado, quanto no Domingo. “Dez bandas estão participando pela internet de uma disputa, onde o público vota e escolhe. Dessas, duas chegarão a final e serão consagradas com a participação no evento”, explicou o diretor artístico da rádio 98 FM, Dudu Schechtel.

Realizado em Belo Horizonte desde a primeira edição em 1983, o Pop Rock Brasil é o mais antigo festival de pop rock na América Latina. Orgulho para os organizadores, diversão garantida para os mineiros. Desde a criação, o evento já revelou bandas que hoje são sucesso no cenário nacional como Lulu Santos, Barão Vermelho, Titãs e se torna referência para bandas que estão em ascensão como Natirus, Tianastácia. Para esta edição a festa será pautada na interatividade com o público. “ O Pop Rock brasil deste ano tem a cara da Web 2.0. O público escolhe toda a programação. Tudo pensado na interatividade. Foram listadas as 15 bandas mais tocadas em 2007 para o público escolher as que tocarão no evento", explicou o diretor artístico do evento, Alexandre Ktenas.

Arena do Show

O Mineirão será todo desenhado para atender ao público e os vários estilos de som que acontecerão simultaneamente. Entre as novidades, será montada uma tenda onde o rits será o rock anos 80. “Pensamos num espaço temático voltado para a moçada que curtiu e ainda curte o rock dessa época. Será um espaço reservado para resgatar o público mais velho”, explicou Júnior da DM. Além disso, um espaço próximo ao palco terá ilhas de internet onde as pessoas poderão se corresponder através de chats.

Promoções

Quem participar das promoções vai ter a chance de ver o ídolo bem de pertinho. E não só ver o ídolo, mas ir de carona com ele até o estádio de limosini. A promoção vale para todas as bandas que vão se apresentar. “Algumas tarefas serão exigidas dos ouvintes, como ouvir a voz do Brasil, por exemplo”, brincou Dudu, mas diz que é uma forma de incentivar os ouvintes a ficarem ligados nas notícias políticas. A música bis que as bandas vão tocar ao final de cada show também será escolhida pelo público, além de outras promoções que a rádio irá divulgar.

Passaporte

É preciso economizar um pouco para participar dos dois dias de festa. O preço das entradas varia entre R$ 80 a R$ 640 para pistas e camarotes para sábado é domingo, na forma do passaporte. Quem quiser, pode comprar só a entrada do dia. Os ingressos já estão a venda no Shopping Cidade (piso GG), 5º avenida (loja 16 C), através da internet (http://www.ingressorapido.com.br/) ou pelo telefone 31 4062-7966.

SALVE AMARELO MANGA



Um filme que choca, causa reações extremas na platéia e fala muito sobre seu diretor. Sem meias palavras, o filme Amarelo Manga (lançado em 2003) dá seu recado e mostra realidade do povo brasileiro que muita gente faz questão de não ver. Economista por formação, o diretor Cláudio Assis, pernambucano e dono de personalidade inquieta, e há quem diga “atrevida”, mostrou na abertura da 3º Mostra de Cinema Comentada da Faculdade Estácio de Sá, nesta terça-feira, que filme se faz muito mais com realidade do que com a ficção. “Cinema é aquele que te leva para questionamentos fora da sala de exibição”, defendeu. Criticou as produções americanas, deu declarações polêmicas e foi sucinto em dizer: “Não importo que pirateiem meus filmes, se as pessoas compram um produto por 5 reais é porque não tem dinheiro para pagar 40. Pelo menos elas pode assistir ao filme. Se houvesse um DVD por 10 reais na loja, ele não compraria o pirata”.


Amarelo Manga é um filme direto nas ações. Une uma série de curtas de histórias que se entrelaçam na intriga e na rotina simples de alguns personagens. No elenco Matheus Nachtergaele (Dunga), Jonas Bloch (Isaac), Dira Paes (Kika), Chico Diaz (Wellington), Leona Cavalli (Lígia), Taveira Junior (Taxista), Conceição Camarotti, Cosme Prezado Soares, Everaldo Pontes, Magdale Alves, Jonas Melo. Personagens que ganham vida em atuações que envolvem vingança, intrigas passionais em rotinas cotidianas. Cenas que se passam na periferia de Recife repleta de adversidade e pluralidade. Para o diretor é preciso ser humano para entender e passar para a tela histórias que retratam esse universo. Sobre o excesso de palavrões e cenas eróticas, Cláudio Assis defendeu: “ Eu faço filmes falando de pessoas, tratando de pessoas. Todo mundo fala palavrão. O que existe é uma etiqueta. Todo mundo faz sexo, o problema é o jeito o sexo é usado pelo cinema”.


Fez duras críticas as produções americanas. Falou que os norte-americanos usam os filmes para influenciar as pessoas. Se colocou totalmente contra os roteiros de ação das megas produções que gastam milhões para contar um história que não reflete as questões sociais. Sobre Tropa de Elite, que estreiou esse mês nos cinemas de todo o país, Cláudio Assis foi enfático: “ Nem vou entrar no mérito da questão se o filme é bom ou não é, mas acho ridículo que uma produção brasileira tenha que se submeter ao que ela se submeteu para tentar participar do Oscar. Para nós, ganhar o Oscar não muda nada. A festa é deles, do cinema deles.


Muito aplaudido nas suas declarações, Cláudio Assis contou sobre sua história com a película e das dificuldades de fazer cinema em uma cidade que não possui escola e nem incentivo. “Mesmo em Recife que tem uma papel importante no cinema brasileiro encontramos inúmeras dificuldades. Não temos câmera 35 mm. Fazemos filme com união, lutamos contra o governo e conseguimos um incentivo fiscal na cidade para produções dos filmes. Amarelo Manga foi concursado, foi realizado com recursos públicos”, conta.

Disse sentir falta de bons críticos de cinema. De escolas que tem como objetivo ensinar sobre cinema e formar consciências críticas. Amarelo Manga foi premiado pelo Ministério da Cultura por produção com baixo orçamento. Com apenas 500 mil reais, Cláudio Assis mostrou que é possível fazer cinema de qualidade, e que apesar de cenas polêmicas é um filme que questiona nossa realidade em linguagem direta e objetiva. Com muita personalidade e com interpretações brilhantes, coleciona prêmios. Ganhou os Candangos de Melhor Filme, Melhor Ator (Chico Diaz), Melhor Fotografia e Melhor Edição, no Festival de Brasília. Ganhou também o prêmio de Melhor Fotografia, no Festival de Cinema Brasileiro de Miami, Prêmio Especial do Júri, para a atriz Dira Paes e prêmio no Festival de Berlim.


O diretor, que estreiou em maio desse ano o Filme Baxio das Bestas, abriu a Mostra Comentada de Cinema da Faculdade Estácio de Sá. Em sua terceira edição, apresenta até dia 19 curtas e longas brasileiros sempre com a presença de diretores e profissionais da área de artes visuais para comentar as obras. A mostra é aberta ao público e tem exibições de manhã e a noite.

terça-feira, 16 de outubro de 2007

30 ANOS DE HISTÓRIA

Hoje tem tropeiro? Tem sim senhor. Dia de jogo no Mineirão é sagrado. Prato predileto dos torcedores e um dos símbolos do Gigante da Pampulha, o tropeiro ganhou espaço e hoje é titular em dia de jogo. Mas o que é que o tropeiro tem? Tem arroz, ovo, bife de lombo, couve picada bem fininha, molho e um tempero que é segredo de estado. No comando desse time de ingredientes, uma jovem senhora de 64 anos que esbanja disposição e bom humor. Elvina de Oliveira Campos, ou melhor, dona Vina como é conhecida, bate um bolão quando o assunto é cozinha.

E logo adverte, “meu tempero nem minhas funcionárias conhecem”. Viúva há 19 anos e mãe de quatro filhas, dona Vina fez do tropeiro seu maior tesouro. A mão boa na cozinha ela herdou da mãe, mas foi com a irmã que aprendeu a receita que garante, é a mesma desde a inauguração do bar na década de 70. Depois, com a perda da irmã, a mestre cuca do tropeiro assumiu o comando do bar, cujo número 13, ao contrário das superstições, lhe deu muita sorte. Foi acompanhando a muitos jogos no Mineirão, que ela criou as filhas. “ Quando as meninas eram pequenas, eu as levava para o bar e as colocava sentada debaixo do balcão, perto dos engradados de cerveja”, relembra.

Gosto que passou de geração e contagiou a filha mais velha Eliane, braço direito da mãe no bar. “Hoje tenho 40 anos e 30 de Mineirão. Lá conheci meu marido e hoje ele e meus filhos nos ajudam a manter o negócio”, conta. Cruzeirense confessa, dona Vina faz questão de dizer que torce muito em dia de jogo do time celeste. E é de uma janelinha que fica na cozinha do bar que ela vibra com o time. “Eu me lembro de um jogo, quando o Ronaldinho ainda jogava pelo Cruzeiro. Eu espiava pela janela quando vi ele fazendo aquele gol memorável”. Durante os jogos, ela e sua equipe de 15 funcionários dão conta de 60 kg de arroz e 20 kg de feijão, tudo feito na hora. “ No meu bar é proibido vender comida fria”, decreta. Tanta dedicação e carinho fizeram de dona Vina figurinha carimbada no estádio. Coleciona fãs famosos e se orgulha ao contar que sua receita já foi atração do programa da Ana Maria Braga. Entre sues fãs famosos, ela cita Dadá Maravilha, Zezé Perrella e Eder Aleixo.

Tanto reconhecimento e motivação, que segundo Eliane, foram fundamentais na história recente da família. Em 2005, perderam a concessão do bar no estádio e passaram por momentos de aflição. “Foi terrível. Não imaginávamos nunca ficar fora. Tivemos que erguer a cabeça e seguir em frente”, conta Eliane. No mesmo ano abriram o restaurante Bar do 13, no Planalto. Durante a conversa, mãe e filha relembram alguns casos engraçados. “Tem uma cliente nossa que trouxe o filho de 8 anos aqui no restaurante, pois ele queria saber se era a mesma cozinheira que ficava no Mineirão. Quando ele viu a mamãe sorriu e a abraçou”, lembrou emocionada. Segundo Eliane o segredo do sucesso é gostar do que faz e acreditar que vai dar certo. Depois um tempo fora, em 2006, elas participaram de uma nova licitação e hoje servem o tropeiro nos bares 13 e 15.
QUEDA
Com a proibição da cerveja durante os jogos, dona Vina diz que houve uma queda muito grande na receita do bar. “Antes vendíamos cerca de 800 refeições em dia de jogo bom, hoje apenas 250 (R$ 5)”, explica. Os torcedores já fizeram do tropeiro uma tradição. “Tem gente que chega no balcão e diz que só foi ao estádio para comer o tropeiro”, brinca. Pelo menos para o cobrador Elídio Cachoeira Filho, de 51 anos, tropeiro em dia de jogo “é de lei”. “ É muito bom, em todos os jogos que venho, antes de ir para a arquibancada, paro aqui e como meu tropeiro”, conta com o radinho no ouvido.

Depois de tantos anos, dona Vina se sente feliz e orgulhosa com suas conquistas. “ Nunca imaginei que chegaria onde cheguei. Minha única intenção com o tropeiro era criar minhas filhas. Hoje, vejo tantas pessoas que gostam da gente”. Mãe e filha se emocionam com a trajetória e quando Eliane diz que o reconhecimento é tão importante quanto o lucro, a mãe logo corrige: “ Não filha, tem que ganhar dinheiro senão não tem jeito”, diz com o sorriso nos lábios, a sabedoria de poucos e alegria de quem se sente com dever cumprido.

RESGATAR MEMÓRIAS

Era setembro de 1968. Na época dos grandes festivais, Geraldo Vandré ouvia o coro de cerca de 30 mil pessoas no Maracanãzinho vaiando a decisão do júri de escolher a canção “Sabiá”, de Tom Jobim e Chico Buarque, como campeã do 3º Festival da Canção. Não adiantou, mas Vandré, que foi perseguido e exilado pouco tempo depois, viu sua canção "Pra não dizer que não falei das flores” virar hino de resistência contra a repressão política, no Brasil da ditadura. Ano mítico, 68 foi o ponto de partida para uma série de transformações políticas, éticas, sexuais e comportamentais, que afetaram as sociedades da época de maneira irreversível. Para resgatar essas e outras histórias, coordenadores dos cursos de jornalismo e publicidade e propaganda lançaram um desafio aos alunos. Responder a pergunta que dá nome ao projeto: “1968, o sonho acabou?” Perto de completar quatro décadas, o tema será pauta de pesquisas para uma exposição, que fará parte do cenário acadêmico, ano que vem, na faculdade Estácio de Sá.
Próximas da utopia para muitos jovens, nos dias de hoje, as ações inflamadas da juventude, naquela época, fizeram parte das motivações de uma geração. Para ajudar na ambientação, músicas e roupas da época fizeram parte da decoração do auditório e os movimentos estudantis de 68 foi o tema central da palestrante Célia Nonata.Para enriquecer o questionamento dos alunos, a historiadora Célia Nonata fez, durante a palestra, ensaio contextualizando o tema, na qual ressaltou o papel do capitalismo como propulsor de muitas mudanças e a importância dos movimentos estudantis organizados. Falou sobre resistência política e a influência de grandes pensadores como Marx e integrantes da escola de Franckfurt. Resgatou fatos importantes no mundo e, em um ambiente muito propício, relatou, com riqueza de detalhes, os movimentos estudantis na França, que marcaram maio de 68.“Discutir o assunto é forma de reavivar valores que fizeram diferença e construíram classes fortes e decisivas no mundo. Depois de 40 anos, os temas em pauta nas grandes manifestações daquele ano ainda são debatidos nas faculdades, mas a falta de engajamento político afasta os universitários dos grandes movimentos, defende Célia Nonata.
O documentário “Barra 68”, de Vladimir Carvalho, que conta a invasão da Universidade de Brasília, UNB, foi exibido para mostrar com detalhes quais eram os pensamentos e as motivações vividas pelos estudantes naquele ano.Marco para os movimentos ecologistas, feministas, das organizações não-governamentais (ONGs) e dos defensores das minorias e dos direitos humanos, 1968 frustrou muita gente também. A não realização dos sonhos propostos, da imaginação chegando ao poder, fez com que parte da juventude militante daquela época se refugiasse no consumo das drogas ou escolhesse a estrada da violência, da guerrilha e do terrorismo urbano. Trazer à luz os anseios que permeavam as pessoas naquele ano faz parte do projeto “1968, o sonho acabou?”, que prevê, para 2008, a publicação de revista temática, jornal, documentários e exposição sobre o assunto.Fazendo contraponto do tema com o futuro, ela se diz desesperançosa. “É necessário acreditar em alguma coisa para haver mudança, não vejo boas perspectivas para o futuro." Para ela, apesar de 68 ter sido um ano muito importante, influências norte-americanas não permitiram que fosse criada uma cultura de contestadores na América Latina (o Brasil incluído), já que os países foram enfraquecidos também pelos governos ditatoriais. Citou com entusiasmo o caso da universidade de Sorbonne, na França, e destacou: “Mais que vontade, faltam ideais aos estudantes. O movimento estudantil tem referencial de idéias. Não temos um arcabouço delas que provoquem ações organizadas", defende.1968 foi um marco.
Resgatar essas lembranças é, sobretudo, uma forma de manter a história viva, refletir sobre questões da época que ainda hoje nos afetam em outros contextos. Os organizadores do projeto destacam que a academia é local de experimentações, de instigar mudanças. Afirmam que saber aplicar conceitos pertinentes daquela época histórica no cotidiano das atividades profissionais da comunicação pode ajudar a sociedade no processo de amadurecimento sobre questões políticas e culturais no nosso país. “O objetivo é trazer para o presente as lembranças do ano tão marcante no mundo, e fazer alusão desses conceitos para o futuro”, definiu o professor de jornalismo Marcelo Freitas.

NIEMEYER DO POVO

Com 99 anos de vida, um currículo invejável e muitas convicções políticas, um brasileiro virou personalidade de um jeito incomum. Arquiteto! E desde sempre... “Eu gostava de desenhar. Eu lembro quando eu era menino, começava a desenhar com o dedo, assim no ar, e minha mãe perguntava: “O que que você tá fazendo?” Eu dizia: Tô desenhando.” (fala de Niemeyer no documentário de Fabiano Maciel e Sacha). Esse jovem transferiu seus desenhos do ar para o papel, fez surgir arranha-céus com seu traço inconfundível. Belo Horizonte, na época , sob o governo do amigo JK, recebeu de presente algumas construções que marcaram definitivamente a paisagem da cidade.

“Quando eu fui fazer Pampulha, fui falar com o JK. E ele me disse que ia fazer um bairro novo em Belo Horizonte. Um bairro com uma igreja, com um cassino, um clube e um restaurante. Quando acabou a conversa, ele me disse: olha, eu preciso do projeto do Cassino pra amanhã. Mas eu era jovem, né? Eu tava começando, praticamente era o meu primeiro trabalho. Eu tinha que atender. Fui pro hotel e fiz, trabalhei a noite inteira e no dia seguinte compareci. E ele compreendeu que comigo ele podia correr, não é? E por isso fomos juntos... Pampulha foi o início de Brasília.” Experiente na vida e na arte que faz, o arquiteto viu algumas gerações se passarem. O reconhecimento nunca lhe faltou. Mas e aos olhos do povo, que todos os dias passam pelos obras, quem é mesmo Oscar Niemeyer?

“Ele é prefeito de Belo Horizonte?”, perguntou um jovem que caminhava na companhia da namorada, outro dia, pela lagoa da Pampulha. Assustada, eu lhe respondi: “ Não, não!!! “É o arquiteto daquelas construções, respondi, apontando para o Museu e o Cassino. Continuei caminhado pela lagoa quando vi uma jovem que, alegremente fazia algumas fotos, vestida de noivas, pelos espaços do Museu. Entrei e perguntei a ela porque havia escolhido aquele lugar para fotografar. Ela, sorridente como só, me respondeu que “todo noiva” tirava suas fotos ali. Balancei a cabeça como se entendesse a resposta e apontei para a exposição das obras de Niemeyer, que fazia pano de fundo para suas fotos, e perguntei: Você sabia que aquela exposição é comemorativa aos 100 anos do arquiteto Oscar Niemeyer? Ela, um pouco sem jeito de responder soltou: “ Que bacana homenageá-lo, é importante esta exposição, principalmente para lembrarmos quem foi Oscar Niemeyer”. Ao fim da sua fala, ela me perguntou: “Mas a quanto tempo ele morreu mesmo?” Confesso que , meio sem jeito, respondi a ela que não, ele ainda não havia morrido, ao contrário, comemorava seu centenário esse ano.

Um pouco mais a frente um garoto, adolescente chamado Lucas Cotta me respondeu com toda convicção. “Oscar Niemeyer é um arquiteto. E está sendo exibida uma exposição sobre ele no museu. Eu sei porque fui até lá com a excursão da escola.” E falou orgulhoso, como se achasse importante saber quem é Niemeyer.

O complexo arquitetônico da pampulha é uma obra popular, a mais expressiva do arquiteto aqui na capital, porém não é a única. A praça da liberdade tem em seu redor um prédio que também foi desenho por ele. Mas, qual prédio mesmo? “Aquele alí”, apontou a professora Maria Lúcia Campos. Ela conta que mora próximo a praça e todo fim de semana, durante sua caminhada, não se cansa de admirar a arquitetura sinuosa do edifício, mas nem todos causam o mesmo impacto. “ Conheço todas as obras dele em Belo Horizonte, mas o edifício JK eu não gosto muito, acho que está muito maltratado.

O edífio JK foi projetado em 1953. A inspiração para a obra nasceu dos falanstérios. Abriga cerca de 5 mil moradores nas quase 1100 unidades. Causa espanto num primeiro olhar. Para olhares mais apurados como o do corretor de imovéis Danúbio Coutinho, a arquitetura de Niemeyer serve de referência na valorização das regiões. “ Um exemplo dessa valorização é o bairro de Lourdes, que fica atras do edifício JK, um das regiões onde os imóveis são muito caros”.

De uma forma ou de outra, Oscar Niemeyer é lembrando, admirado e conhecido, mesmo que seja através da telinha. “ Não sei muito bem quem é Niemeyer, mas lembro que na minissérie JK, que passou na Globo, ele ajudou o presidente de Brasília”, disse o segurança Fabiano Arruda.

O arquiteto das curvas, das declarações polêmicas, amante da vida e dos prazeres que ela proporciona diz que a vida é um sopro. Aos 99 anos e mais de 70 de profissão, diz que está cansado de falar de arquitetura.

“Mais importante do que a arquitetura é estar pronto pra protestar e ir na rua, isso que é importante, é o sujeito se sentir bem, sentir que não é um merda, que ele tá ali pra ser útil... O sujeito tem que pensar na política, a política é importante, é própria vida, pensar na miséria, procurar colaborar e quando ele sentir que a coisa tá ruim demais e a esperança fugiu do coração dos homens, aí é a revolução.”

Conhecido ou não o que dá prazer a ele hoje...“O importante é mulher né? O resto é brincadeira.

INHOTIM RECEBE TRABALHOS DE ADRIANA VAREJÃO




“Arte pode ser tudo que leva a pessoa a ter uma experiência de percepção que ela não teria fora daquele universo”. A arte que ilude o sentido e cria diferentes sensações é o universo que a artista plástica Adriana Varejão deseja criar com sua nova exposição. O espaço escolhido é o Centro Cultural Inhotim, que comemora 1 ano de visitação pública. O centro prepara uma galeria especial, um local que abrigará exposição permanente da artista. O museu, que desde a década de 80 reúne obras de arte contemporânea importantes internacionalmente, comemora. Durante um ano recebeu um público aproximado de 87 mil pessoas. São 400 hectares de área preservada, com 35 de área planejada. Entre seus encantos, jardim de Burle Marx e obras de importantes artistas no cenário internacional com Tunga, Cildo Meireles e Hélio Oiticica. Prepara ainda, como projeto de ampliação para o próximo ano, receber trabalhos inéditos desenvolvidos por personalidades das artes contemporâneas como Doug Aitken, Matthew Barney (marido da cantora Björk), Rivane Neuenschwander, Pipilotti Rist e Carrol Dinham.

Carioca, Adriana começou sua carreira na década de 80. Importante no cenário das artes contemporâneas, utiliza em suas obras forte influência barroca. “ O barroco foi o grande paradigma da minha obra. Começou a partir da uma visita a Ouro Preto, na década de 80. Criei uma verdadeira obsessão pelo estilo, quis me mudar pra lá”, conta. Mas defende que esta não foi sua única inspiração. O cinema, a tatuagem, butequim, a colonização, diferente fragmentos que define como um tecido de história compõe sua obra.

Para materializar o trabalho, ela lembra que passou por um minucioso processo de pesquisa. Fotografou, na cidade de Cachoeira, Bahia, diversos azulejos de origem portuguesa presentes nas fachadas das construções antigas do lugar. Os desenhos são apropriados pela artista e representados em telas de 1 metro quadrado, que após receber uma massa, passa por um processo de secagem em que cria ranhuras, craquelados. “Em 2004 começou a surgir a idéia de colocar esses “azulejos” em prédio. No início foram 52 telas, hoje 136. A intenção é criar uma sentimento de vertigem. O olho não pode ficar parado”, define.

Em Inhotim, o prédio que está em fase final, abrigará essa e outras obras importantes da artista. A construção, que parece suspensa no ar, terá dois andares e foi cuidadosamente planejada para utilizar a luz do dia como elemento para compor suas obras. “Os azulejos farão toda a cobertura das quatro paredes no andar superior, o visitante terá a sensação de estar imergido em um mar interno”, explica. Na parte de baixo uma tela de 7,5m x 13,20m receberá pintura onde remete para o ambiente de sauna, trabalho de profundidade. Um universo de cores e formas que impactam pelo vigor, pela dimensão e expressividade.



Adriana, que antes de se dedicar definitivamente as artes estudou comunicação e engenharia industrial, se diz feliz com essa nova experiência. “ É um momento especial. Dá medo. Todo artista sonha em ter um espaço assim. A pintura é sempre um risco, não é uma experimentação nova”, conclui. O trabalho da artista tem previsão para ser inaugurado em março do ano que vem simultaneamente a outro pavilhão dedicado a exposição permanente da colombiana Doris Salcedo.

terça-feira, 12 de junho de 2007

Mudanças no centro causam transtornos e mudam a paisagem das ruas

Juliana Fernandes

As obras de melhoria e revitalização das ruas do centro de Belo Horizonte começaram há mais de 6 meses e durante todo esse período, moradores e comerciantes tentam se adaptar às mudanças e obstáculos que impedem o trânsito normal no local. Os motoristas aprenderam a ter paciência para enfrentar os constantes engarrafamentos e para quem mora ou trabalha nessas ruas restou a companhia de muita poeira e do barulho das máquinas.

Segundo a gerente de loja Kelly Maria, a construção atrapalha muito o movimento do comércio. Segundo ela, as vendas caíram bastante. Ela não acredita que as obras possam trazer tantos benefícios práticos ao fluxo na rua, mas espera que com o término delas, o faturamento da loja volte ao normal.

A estudante Tamires Camila Braga também não vê muitas melhorias. “A única coisa concreta que vejo é que a rua vai ficar mais bonita", comenta.

Todas as obras realizadas no centro da cidade são tocadas por empreiteiras. Segundo a técnica de segurança do trabalho de uma delas, Marlene Rodrigues, apesar dos transtornos, depois de concluído o projeto a rua terá melhorias não só nas tubulações de esgoto, mas também nos passeios. “Além de trazer benefícios para toda a área urbana, projetos como esse geram emprego e ajudam a fortalecer a economia do estado”, comenta ela.

O síndico Odilar Pinto Caldeira, é aposentado e mora na rua Rio de Janeiro a muitos anos. Ele conta que acompanha de perto as mudanças que estão ocorrendo e elogia o projeto. “Maravilhoso, valorizou os imóveis na região a exemplo do que já está acontecendo com os imóveis próximos dos trechos da Linha Verde. Mesmo sem a conclusão da obra, apartamentos no meu edifício já foram valorizados em 100%”. Mas, apesar dos benefícios, ele acha que obras como estas deveriam ser feitas aos poucos. “Acho que deveriam fazer cada quarteirão de uma vez. Durante o dia vejo que o mesmo trabalho feito por uma empreiteira acaba sendo repetido por outra. Entram em conflito e com isso, ocorrem os atrasos de conclusão, prejudicando o comércio.”

Juliana Fernandes

A gerente Celma Maria Pereira conta que para os comerciantes os problemas são inúmeros. Além da sujeira e dificuldade de locomoção na rua e passeios, em meio a todo o material da construção, não podem mais fazer publicidade. “A prefeitura esta sendo muito radical. Em um período que está já sendo difícil financeiramente ainda estamos sendo multados a cada 5 dias por não entrarmos nas especificações de fachadas que eles exigem”, comenta. Ela alega que alguns dos prédios são antigos e não suportam as mudanças.

Depois de liberada, a Rua Rio de Janeiro ganhará passeios mais extensos, o trânsito será apenas em um sentido e terá rampas de acesso que facilitará a locomoção de portadores de necessidades especiais. Além dessas rampas para cadeiras de rodas, os cruzamentos vão ganhar caixas de som com o canto de pássaros e árvores com cheiros específicos para guiar os deficientes visuais e auditivos.

A assessoria de imprensa da Prefeitura disse que a previsão de conclusão das obras da rua Rio de janeiro é em julho, mas a técnica de segurança da empreiteira entrevistada nessa matéria afirma que não há previsão de término.










quarta-feira, 16 de maio de 2007

Uma semana inspiradora na Faculdade Estácio de Sá


Quem esperava uma semana cansativa, com palestras pesadas sobe temas literários se surpreendeu na semana de Literatura e Comunicação que a Faculdade Estácio de Sá promoveu. Estiveram presentes convidados de renome como o Presidente da Academia Mineira de Letras, Murilo Badaró, que logo na abertura da semana deu dicas importantes para quem quer ser um bom escritor. “Quem deseja escrever bem, não pode deixar de ler Machado de Assis”, ensinou o mestre que deu uma lição de conhecimento e de amor a literatura. Na palestra sobre a construção do personagem, o escritor e jornalista Carlos Herculano viajou pela história de sua própria vida para contar sobre seus personagens e enfatizou: “na literatura, depois que você cria o personagem ele próprio vai desenhando os seus rumos na história.” Na publicidade, alguns filmes apresentados por um dos palestrantes convidados, Jorge Netto, causaram frisson nos alunos e conferiu um tom mais descontraído a palestra. Segundo ele, existe um segredo para boas peças publicitária, "se o mundo faz zig, faça zag"! O auditório contou com sua lotação máxima em todos os dias e não faltaram perguntas e interação entre os alunos e palestrantes. Uma atenção especial para os detalhes que garantiram o charme e o clima que envolveram essa semana. Em vários locais do campus foram expostos trechos de textos de importantes autores brasileiros.

Para o último dia de palestra, velas vermelhas foram colocadas sobre a mesa dos convidados, tudo para provocar o clima ideal para falar sobre o tema mais esperado da semana, o erotismo. Fazendo uma viagem pela história que passou por Marques de Sade a Bruna Surfistinha, a professora e historiadora Célia Nonata empolgou a platéia com os desenhos das manifestações eróticas do século 18 até os dias de hoje. Juntos dela, para completar a explanação do tema, a professora Helenice presenteou a todos com histórias de Cuba, que segundo ela é um dos povos mais sensuais do mundo. Também compondo a mesa e para fechar com chave de ouro, uma semana que sem dúvida sobrou em conhecimento e experimentações, o professor Ricardo declamou dois poemas eróticos que levaram a platéia ao delírio.

Para os alunos de jornalismo, a semana foi um momento para experimentações. Não faltaram fotos, entrevistas e todo um aparato de câmeras e muito trabalho para os convidados.

quarta-feira, 25 de abril de 2007

Lei seca no Mineirão


Sem a presença da cerveja, o cenário no Mineirão tem mudado e após três meses da proibição da venda de bebidas alcoólicas no estádio, os resultados são positivos. A decisão ainda é polêmica e continua dividindo opiniões entre os torcedores que freqüentam o Mineirão.
A Lei seca nos estádios de Minas entrou em vigor na primeira rodada do campeonato estadual. Minas é o segundo estado a aderir a Lei. Em São Paulo, a proibição começou a vigorar desde a década de 90. O médico chefe do ambulatório, Doutor Vicente de Paula Assis, conta que os registros de atendimento no Mineirão diminuíram 70% e desde o início da proibição nenhum caso grave foi registrado. "Esse ano, o único caso de remoção que tivemos foi causado por uma briga fora do estádio. " Para ele a medida só trouxe benefícios para os funcionários e torcedores.
Os registros de violência também reduziram drasticamente. A policia militar contabilizou queda de cerca de 80% do número de ocorrências dentro do estádio e lembra que a maioria dos casos eram causados por torcedores alcoolizados. Para os comerciantes que atuam nos bares do estádio, o prejuízo foi grande. Nádia, que dirige um bar no Mineirão há 2 anos diz que mesmo com a redução do valor da locação do espaço a perda chega a 80% do faturamento. E conta que não foi só as vendas que diminuíram, mas a alegria de alguns torcedores também. “Alguns torcedores reclamam, principalmente da torcida do Atlético, que é uma torcida mais inflamada. Agora, depois do fim dos jogos, todo mundo vai embora rapidamente."
O Diretor Geral da Administradora dos Estádios do Estado de Minas Gerais, José Eustáquio de Paula, considera que proibir a venda de bebidas alcoólicas nos estádios foi uma decisão acertada e apesar da redução da receita, hoje o Mineirão oferece mais segurança aos torcedores.
Segundo o diretor, as mulheres e crianças estão voltando ao estádio e os jogos de domingo voltaram a ser um programa familiar. A médica Ângela Pedrosa sempre freqüentou o Mineirão nos jogos do Cruzeiro. Ela conta que sempre trouxe os filhos, mas agora se sente mais segura. " Quando alguém está alcoolizado transforma qualquer coisa em um motivo de exaltação ou briga, quando sóbrios enxergam as coisas como realmente são."
As estrelas da festa também falaram sobre a polêmica e concordam com a lei . O lateral do Cruzeiro Gabriel e o volante do democrata Anderson são a favor da lei e segundo Gabriel muitas pessoas não vão aos estádios por não se sentirem seguros. “Agora, sem a venda de bebida, as pessoas ficam mais calmas e aproveitam de forma mais saudável."
Mas a proibição ainda não é definitiva e as discussões sobre o assunto continuam na Câmara Municipal de Belo Horizonte. O deputado estadual Alencar da Silveira, do PDT, encaminhou um pedido de limiar a Vara da Fazenda Pública Estadual solicitando a liberação da venda de bebidas alcoólicas até o intervalos dos jogos.
Apesar da polêmica, o clima no gigante da Pampulha é de paz e tranqüilidade e com cerveja ou sem ela, o Mineirão continua sendo palco do maior prazer do futebol; o gol.


terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

PELA PAZ BRASIL!


Pensar na violência nos dias de hoje infelizmente tem sido uma rotina. As notícias policiais invadam nossas manhãs todos os dias, tornando-se banais e transformando a vida da gente num roteiro de um filme de terror. São cenas de fogo cruzado onde o cenário é a nossa cidade, nosso bairro, muitas vezes nossas casas. As discussões sobre o tema têm sido pauta em todos os governos, mas muito pouco se concretiza e a impunidade ainda reina nesse país de ninguém. A barbárie que a família carioca sofreu na semana passada e que levou a morte uma criança de apenas 6 anos, não só chocou, como retratou a estirpe dos criminosos que nossa sociedade esta criando. Bandidos sem lei e sem coração. Que desconhecem qualquer tipo de sentimento ou humanidade e agem como animais. O Brasil está em luto e tenta entender o porque. Mas não o porque apenas dessa brutalidade, mas o porque da razão de tanta violência. A razão para tanta desigualdade, tanta miséria e tanto sofrimento. O porque de todos os outros tipos de violências de que temos notícia, contra a mulher, contra a criança, contra a vida...

Tantos porquês sem respostas têm rendido ao Brasil títulos aos quais temos vergonha, como uma das sociedades mais violentas do mundo. Ou a faixa que erguemos de terceiro pais com mais assassinatos de jovens no mundo. Estamos seguindo um caminho sem volta que nos condena as paredes das nossas casas e nos privam do que nos é mais sagrado, nossa liberdade.

Mas não devemos entrar para nossos lares, devemos sair às ruas, devemos gritar, devemos pintar as caras e exigir que algo mude. Devemos nos organizar assim como se organizam os bandidos, formar grupos armados pela paz. Temos que agir como age o PCC, com eficiência e organização, em prol da paz e da segurança das nossas famílias. É preciso reagir e seguir o exemplo da mãe de João Hélio, Rosa Cristina Fernandes, que mesmo sofrendo a dor pela perda do filho, saiu de sua casa e pediu aos governantes que não permitam que outros filhos morram.

Muitos números revelam a face da violência no Brasil, ondas de ataques, seqüestros e assassinatos que ficam impunes e que fazem da violência um círculo vicioso. Que não sejamos mais um número nas estatísticas, mas sim uma única nação que luta pela paz.