terça-feira, 16 de outubro de 2007

INHOTIM RECEBE TRABALHOS DE ADRIANA VAREJÃO




“Arte pode ser tudo que leva a pessoa a ter uma experiência de percepção que ela não teria fora daquele universo”. A arte que ilude o sentido e cria diferentes sensações é o universo que a artista plástica Adriana Varejão deseja criar com sua nova exposição. O espaço escolhido é o Centro Cultural Inhotim, que comemora 1 ano de visitação pública. O centro prepara uma galeria especial, um local que abrigará exposição permanente da artista. O museu, que desde a década de 80 reúne obras de arte contemporânea importantes internacionalmente, comemora. Durante um ano recebeu um público aproximado de 87 mil pessoas. São 400 hectares de área preservada, com 35 de área planejada. Entre seus encantos, jardim de Burle Marx e obras de importantes artistas no cenário internacional com Tunga, Cildo Meireles e Hélio Oiticica. Prepara ainda, como projeto de ampliação para o próximo ano, receber trabalhos inéditos desenvolvidos por personalidades das artes contemporâneas como Doug Aitken, Matthew Barney (marido da cantora Björk), Rivane Neuenschwander, Pipilotti Rist e Carrol Dinham.

Carioca, Adriana começou sua carreira na década de 80. Importante no cenário das artes contemporâneas, utiliza em suas obras forte influência barroca. “ O barroco foi o grande paradigma da minha obra. Começou a partir da uma visita a Ouro Preto, na década de 80. Criei uma verdadeira obsessão pelo estilo, quis me mudar pra lá”, conta. Mas defende que esta não foi sua única inspiração. O cinema, a tatuagem, butequim, a colonização, diferente fragmentos que define como um tecido de história compõe sua obra.

Para materializar o trabalho, ela lembra que passou por um minucioso processo de pesquisa. Fotografou, na cidade de Cachoeira, Bahia, diversos azulejos de origem portuguesa presentes nas fachadas das construções antigas do lugar. Os desenhos são apropriados pela artista e representados em telas de 1 metro quadrado, que após receber uma massa, passa por um processo de secagem em que cria ranhuras, craquelados. “Em 2004 começou a surgir a idéia de colocar esses “azulejos” em prédio. No início foram 52 telas, hoje 136. A intenção é criar uma sentimento de vertigem. O olho não pode ficar parado”, define.

Em Inhotim, o prédio que está em fase final, abrigará essa e outras obras importantes da artista. A construção, que parece suspensa no ar, terá dois andares e foi cuidadosamente planejada para utilizar a luz do dia como elemento para compor suas obras. “Os azulejos farão toda a cobertura das quatro paredes no andar superior, o visitante terá a sensação de estar imergido em um mar interno”, explica. Na parte de baixo uma tela de 7,5m x 13,20m receberá pintura onde remete para o ambiente de sauna, trabalho de profundidade. Um universo de cores e formas que impactam pelo vigor, pela dimensão e expressividade.



Adriana, que antes de se dedicar definitivamente as artes estudou comunicação e engenharia industrial, se diz feliz com essa nova experiência. “ É um momento especial. Dá medo. Todo artista sonha em ter um espaço assim. A pintura é sempre um risco, não é uma experimentação nova”, conclui. O trabalho da artista tem previsão para ser inaugurado em março do ano que vem simultaneamente a outro pavilhão dedicado a exposição permanente da colombiana Doris Salcedo.